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maio 06, 2020

Com queda inédita, construção civil sente os impactos da Covid-19

Seguindo a tendência da produção industrial, a atividade na construção civil de Pernambuco caiu bruscamente no primeiro trimestre de 2020 em razão da pandemia do coronavírus. De acordo com o levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), o indicador do nível de atividade saiu de 43,8 pontos registrados em dezembro de 2019 para 25,3 pontos em março deste ano, atingindo o menor índice da série histórica iniciada em 2009.

Segundo o economista da FIEPE, Cézar Andrade, fatores como a retração do consumo das famílias nos últimos meses, a diminuição da produção da construção civil, assim como a queda na empregabilidade e a pouca circulação de moeda na economia, foram decisivos para a retração do resultado final. “Todo esse movimento contribuiu para aumentar a insatisfação das empresas quanto à situação financeira, uma vez que as suas receitas se encontram abaixo do esperado para o período”, analisou.

Pontos relacionados à satisfação com a margem de lucro operacional e à situação financeira também apresentaram piora para os empresários da construção civil nos primeiros três meses do ano. Comparando com o mesmo trimestre do ano anterior, a satisfação com a margem de lucro caiu 8,4 pontos e chegou aos 39,6 pontos. Já o indicador de satisfação financeira, registrou variação trimestral de 10,6 pontos negativos.

Na avaliação de Andrade, as situações mais críticas para o segmento têm a ver com o acesso ao crédito e à inadimplência dos clientes. Sobre o primeiro aspecto, registrou-se a maior diminuição entre os indicadores, cujo declínio foi de 22,2 pontos negativos entre o quarto trimestre de 2019 e primeiro trimestre de 2020. Para se ter ideia, o valor do índice chegou a ser 14,8 pontos, o que demonstrou grande dificuldade do segmento com o acesso aos recursos financeiros para manter, ao menos, o capital de giro.

Já a inadimplência, foi listada pelos empresários como o principal problema desde que a crise se agravou. Dentre tantos entraves, a inadimplência dos clientes ficou em primeiro lugar pela primeira vez, com 66,1%, seguida da elevada carga tributária (56,6%), da burocracia excessiva (35,6%), da falta de financiamento de longo prazo (35,3%) e de outros aspectos (24,1%). “Vemos que a inadimplência atingiu as empresas e isso diz muito sobre o momento atual, quando as pessoas estão concentrando os seus esforços para os bens essenciais e, infelizmente, deixando os demais custos para quando voltar à normalidade”, lamentou o economista da FIEPE.

Mais uma questão ponderada pelo especialista está relacionada ao índice de evolução do nível de emprego, que recuou de 44, 7 pontos em dezembro de 2019 para 33,8 pontos em março de 2020. “Ainda assim, os níveis de empregabilidade não acompanharam tão fortemente a queda produtiva no setor, o que significa que os empresários pernambucanos estão mantendo boa parte dos seus funcionários”, disse Cézar Andrade, ressaltando que, por outro lado, essa decisão reduz o capital de giro das construtoras, mas suaviza o desaquecimento da economia.

EXPECTATIVA

Diante desse cenário, a intenção de investimento dos empresários da construção civil não poderia ser diferente e registrou queda acentuada mensal. O indicador obteve, em abril, resultado 17 pontos abaixo do registrado em março (48,9), atingindo 31,9 pontos. Na visão do economista, se o cenário se prolongar, mudanças nos níveis de emprego, nas compras de matérias-primas e na expectativa de novos empreendimentos poderão acontecer.

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